terça-feira, 13 de agosto de 2013

Um assunto polêmico e dois filmes brilhantes

A única certeza dessa vida é a morte. Essa é uma frase clichê que todos escutamos desde crianças.
A morte é uma coisa que desde o “entendimento por gente” de cada um, sabemos da existência. Antes mesmo de começar nossas vidas sabemos que um dia ela terá um fim. Ela, que sendo a única certeza, ou talvez o segredo dessa vida, como fala Raul Seixas na bela música “Canto para Minha Morte”, talvez a coisa mais falada e mais presenciada (todos os dias, em jornais, em noticias de próximos ou não tão próximos mortos, nas artes) pelas pessoas, é a certeza que todos temem. Sim, todos. Inclusive (ou principalmente) os que falam em alto e bom som que não temem a morte. Até esses sentem um frio na barriga de medo se passarem pelo momento de ver uma arma apontada para a cabeça. O temor em que vivemos, de andar nas ruas muito tarde, com medo dos “vampiros da noite”, é apenas o reflexo do medo de perder a própria existência, todos sabem disso.

Mas há aqueles que querem dar um fim á sua vida. Devido a problemas de saúde (em outros casos, por outros fatores, psicológicos), pessoas essas que acham que não tem mais uma vida.  Pessoas essas que muitas vezes não tem condições dar um fim á própria vida, precisando da ajuda de outros para isso. Ninguém é punido por cometer suicídio, mas quem acaba com a vida de outra sim, aí está uma das maiores barreiras que ajudam na polêmica dos suicídios assistidos.

A eutanásia está entre os assuntos mais polêmicos da humanidade. Que nem é preciso discutir o porquê. A morte, que todos temem e esperam que chegue o mais tardar possível, sendo a vontade (e salvação) de outras pessoas. De um lado há uma lei que distingue a prática em diferentes conceitos (que não vou desenvolver porque não é o foco da postagem) e condena o “assassinato”, e de outro (ou do mesmo), uma igreja que acusa e proíbe. O último sendo o provável motivo de tanta polêmica, afinal, o que mais fora uma religião seria formadora de tantos empecilhos e discussões morais e filosóficas para um assunto como este?


No cinema, dois grandes atores interpretaram dois homens que ficaram conhecidos e lutaram na justiça pelo direito da morte por escolha.


Mar Adentro 


Mar Adentro foi um filme que assisti sem muitas idéias iniciais,  apenas com boas expectativas pelos comentários. O resultado foi um dos filmes mais belos e tocantes que já vi.
O filme Conta um pouco da história de Ramón Sampedro (interpretado fantasticamente por Javier Bardem), um homem tetraplégico que enfrentou a sociedade, os familiares e a justiça na luta para ter o direito de morrer dignamente.

Mar Adentro é um filme brilhante por vários motivos. Foge do clichê, tenta mostrar realmente os próprios sentimentos de Ramón Sampedro. um filme que deve surpreender quem assiste já com idéias iniciais (que aconselho não pesquisar muito se ainda não viu).  “Mar” se mostra um verdadeiro filme artístico, sendo indicado a vários prêmios e vencendo alguns, inclusive o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Tem uma fotografia belíssima e ótimas interpretações, principalmente a tocante e realmente bonita interpretação de Javier Bardem, que se mostrou definitivamente em uma de suas melhores atuações.


Você não Conhece Jack


Provavelmente muitos dos que leram não tinham ouvido falar da personalidade do filme acima. Mas esse aqui provavelmente você conhece.
“Você não Conhece Jack” mostra um pouco da trajetória de Jack Kevorkian, o mais famoso defensor e praticante da eutanásia. Kevorkian ficou muito famoso pela prática e dedicação aos suicídios assistidos, construindo até mesmo a “máquina do suicídio”, ajudando cerca de 130 pessoas a morrer. Tendo problemas com a justiça, passando oito anos preso. Um homem que se tornou muito polêmico, não só pelo que defendia e praticava, mas pelas histórias acerca da situação de saúde de seus pacientes e por sua pessoa em si.
O filme tenta passar isso, a pessoa de Kevorkian, sua filosofia e trajeto, mas passando longe de ser um filme em defesa dele, que celebre seus atos.
A beleza do cinema está nas diversas faces que ele pode apresentar. “Você não Conhece Jack” mostra isso com maestria. Muito mais do que um filme biográfico, a forma que aborda a vida do “Dr. Morte” e a situação dos seus pacientes (ou como muitos dizem, vítimas), juntamente com a lei, faz com que seja um filme dramático, tocante, “pesado”, bonito, e acima de tudo, totalmente reflexivo.  “Jack” é um filme que mesmo que você não consiga classificar como bom, ruim ou ótimo, ou até mesmo se classificar como ruim, não conseguirá ficar inerte á ele.
O que não é preciso acrescentar, mas sendo impossível não fazê-lo, é sobre a atuação de Al Pacino, sendo realmente destaque mesmo diante de tudo o que o filme apresenta. Já se espera que Pacino sempre dê um show em seus trabalhos, mas ainda assim ele consegue mostrar que ainda está na ativa para surpreender.

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