sexta-feira, 28 de junho de 2013

A Máquina do Tempo



Histórias sobre viagens no tempo, contos sobre a famosa “Máquina do Tempo” estão entre os quais ouvimos falar desde que “nos entendemos por gente”. Ouvimos, lemos e assistimos essas histórias em livros, filmes, desenhos, seriados, que vão desde clássicos do cinema como “De Volta Para o Futuro” á histórias mais “bestas” como nos gibis da Turma da Mônica.



Mas em 1895 foi publicada a famosa e definitiva obra “A Máquina do Tempo”, do aclamado escritor H.G Wells. Esse seja talvez o livro de maior influência do autor, não só pelos motivos óbvios de abordar um tema que talvez sempre tenha existido nos sonhos da humanidade, mas pelo grande simbolismo e poesia presentes no livro.

A História, se passando em meados do século 19 (época em que o livro foi escrito), nos mostra um personagem apresentado apenas como “o viajante do tempo”, numa jogada de mestre de Wells, sem nomear  o protagonista, representando cada pessoa que sonha com a máquina. 
Ele desenvolve uma máquina capaz de viajar pelo tempo,  desafiando a comunidade científica da época, sendo visto como um lunático. Acompanhamos a jornada do nosso viajante do tempo até o ano 802.701, onde Wells mostra sua visão pessimista sobre a humanidade. Em vez de encontrar um mundo no extremo do desenvolvimento, nosso viajante encontra um mundo bem diferente, um mundo bem natural com uma humanidade visualmente e mentalmente inferior. O mundo na verdade está dividido em duas “raças”: Os Elóis, seres de aparência bela, semelhantes aos humanos, mas que vivem em estado quase animalesco, intelectualmente inferior. E os Morlock, seres que vivem no subsolo (em estado ainda mais animalesco) e que dominam os Elóis, dos quais também se alimentam. 
Temos uma gama de pensamentos do viajante em relação aos rumos que o mundo tomou. Talvez a humanidade tivesse chegado ao ápice do desenvolvimento social e científico até que “estacionou” e começou a declinar. Assim como as reflexões de como a humanidade se dividiu em duas raças, em que uma passou a dominar outra.

A Máquina do Tempo é um ótimo livro, não só na história, como na narrativa que lhe prende. Há tantas coisas, tantos fatores sociais e políticos  a se analisar nesse livro que dá pra entender por que é uma história tão famosa, e por que foi o ponto de partida para tantas obras do gênero.
 

Em 1960 foi lançada uma adaptação para o cinema, dirigida por George Pal.


No filme, o viajante, por motivos óbvios, tem um nome: George Wells, numa direta homenagem ao seu criador. O filme, na história em si (mesmo com coisas diferentes, que me decepcionou), é fiel ao livro e merece o título de clássico, mas é vítima da maldição das adaptações cinematográficas de livros. Quando um filme é adaptado de um livro a exigência é grande e a concorrência desleal. Por mais fiel que fique o filme, sempre vai estar á sombra da obra original. Eu como fã de cinema e livros tenho que admitir que um filme quase nunca vai conseguir passar o que o livro passa. Nos livros temos conhecimento de todos os pensamentos e sentimentos do personagem, é aí que o filme de George Pal sai perdendo. O maior fascínio que o livro de Wells desperta é por todas as questões que ele levanta, e por todo o “contato” que temos com o protagonista, no filme isso não acontece.

Morlocks


É até um pouco de falta de noção esperar uma adaptação do livro “A Máquina do Tempo” com todas as particularidades do mesmo. Mas com todas as coisas que ficaram cortadas, no filme a história perde o teor filosófico e passa a ser apenas um filme “visual”.


Mas isso não é o suficiente pra desprezar um filme tão louvável.  A atuação de Rod Taylor como o viajante do tempo ficou muito boa, “incorporou” o viajante que eu tinha na cabeça quando li. As cenas iniciais são praticamente idênticas ao descrito no livro. Os efeitos são belíssimos, embora para a geração atual (da qual eu faço parte) eles pareçam bastante grotescos. Mesmo assim, duvido que você não fique emocionado com a primeira passagem de tempo da máquina. E o mais importante: A máquina. Merecedora de fazer parte da coleção de qualquer admirador da história.


Lembrando que  é um filme que deve ser visto levando em conta a época em que foi feito. Como já citei, os efeitos são belíssimos, mas sou bem suspeita porque tenho certo fascínio pelos efeitos mais rudimentares. Infelizmente, “A Máquina do tempo” de 1960 é um filme que há tempos, está sendo esquecido pelos cinéfilos. Uma pena, porque além de ser bom, é um filme histórico cinematograficamente, e que homenageia uma das obras mais brilhantes da literatura.


O livro de H.G Wells e o filme de George Pal me lembram algo muito bom, e ao mesmo tempo outra grande vantagem dos livros: O tempo não os esquece, ou pelo menos, demora muito mais para esquecê-los. Enquanto O filme de 1960 está sendo esquecido e se tornou “atrasado” (o que é uma pena), o livro de 1895 continua muito atual. E se no futuro se tornar esquecido, talvez já tenhamos realizado o sonho das viagens no tempo...


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